quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Assassinado em plena via pública o operário Anísio Dario

A chacina da Rua João Pessoa 

Canto do negro morto 

Um arrepio na noite... 
De repente, um homem morto na rua. 

O rosto permanece vivo das suas palavras. 
Dos cantos dos olhos descem dois grandes rios. 
Onde irão parar esses rios de tão intensa alvura? 

As mãos do negro abertas para o ar, cheias somente da noite. 

As manchas vermelhas na calçada são as únicas rosas que florescem em torno do seu corpo... 

O vento da noite, debalde, tenta gelar o coração da companheira onde o negro muito antes da morte acendeu uma estrela... 

Os filhos do morto procurarão o pai e um dia o encontrarão amanhã ou mas além. 

A noite conduz um recado no lombo do vento, E a cidade se alarga. 
As mãos abertas para o ar Esperam a madrugada. 

(1947) 


José Sampaio 

(1913-1956) 

Com a redemocratização do país a partir de 1945, o engenheiro e professor José Rollemberg Leite, elegeu-se Governador do Estado de Sergipe (1947-1951), aliando-se ao PDS – Partido Democrático Social, presidido por Francisco Leite Neto (1907-1964), com marcante influência da Liga Eleitoral Católica – LEC, liderado pelo integralista Hélio Ribeiro, derrotando o favoritismo de Luiz Garcia, da UDN – União Democrática Nacional. Portanto, José Rollemberg “eleito por uma coalizão conservadora, através de uma campanha radicalizada, com o apoio da Igreja Católica em ostensiva propaganda anticomunista, o novo governador escolheu secretariado dentro de sua base política, tentando atender os interesses por vezes contraditórios entre pessedistas e perrepistas”.[1] O assassinato do operário sindicalista e membro do Partido Comunista, Anísio Dario, na noite de 29 de novembro de 1947, em plena via pública de Aracaju, pela força Policial do Governador José Rollemberg Leite (1912-1996), completa hoje 65 anos, fato pouco conhecido, mas marcante que manchou com sangue as páginas da história política sergipana. 

*** 

“A presença do povo na Rua João Pessoa já é uma manifestação de resistência à Ditadura. Compete a ele agora ir para as suas casas ordeiras, calma e pacificamente”. Após o Deputado Armando Domingues proferir estas palavras a Cavalaria e a Polícia Militar começaram a massacrar o povo. O Secretário da Justiça e Interior, João de Araújo Monteiro em Nota publicada no Diário Oficial de 2 de dezembro: “determinou ao Cel. Chefe de Polícia a abertura de rigoroso inquérito, afim de apurar quais os responsáveis pela perturbação da ordem, ontem verificada, e, bem assim, pela morte lamentável do comunista, a fim de se proceder como de direito”.[2] Nesta mesma Nota, relata o acontecido: “Às Oito horas da noite, tendo sido desmanchado o piquete, os agitadores comunistas, tendo à frente Armando Domingues Carlos Garcia e Otávio José dos Santos, resolveram realizar o comício na porta do Cinema Rio Branco. Nesta ocasião o Sr. Cel. Chefe de Polícia mandou um sargento da Cavalaria pedi que os mesmos revogassem os seus intentos e solicitasse à massa a sua retirada para suas residências, tendo o agitador Carlos Garcia respondido que não obedeceria a ordem daquela autoridade, o mesmo acontecendo com o Sr. Armando Domingues que, imediatamente assomou a tribuna para exaltar o ânimo dos vermelhos, jogando-os contra a Polícia”.[3]

No final da tarde do dia 29, a Rádio Difusora e o carro de propaganda da Empresa Guarani, divulgavam uma nota oficial de João de Araújo Monteira, Secretário de Justiça e Interior do Estado, avisando a população em geral que não havia sido autorizado o comício que os parlamentares comunistas programaram. Porque a força policial estava preparada para impedir a sua realização. Apesar da grande divulgação na imprensa da realização do comício, os organizadores só foram avisados da sua proibição no dia, pois até aquele momento não existia nenhum propósito de impedi-lo por parte das autoridades. A comunicação da proibição aconteceu na tarde do dia 29, quando o deputado Armando Domingues foi procurado pelo Secretário da Justiça e Interior, que perguntou ao parlamentar se ele falaria ao povo. Naturalmente, era uma ameaça. 

À noite a grande massa popular se espalhava ordeiramente pela Rua João Pessoa e Praça Fausto Cardoso, enquanto a Cavalaria aguardava ordens do seu Comandante para dispersar os manifestantes. A galope, um soldado aproxima-se de um grupo de populares e diz: O Coronel Djenal ordena para dispensar. Neste exato momento, às 20 horas, o Deputado Armando Domingues e os vereadores Carlos Garcia e Otávio José dos Santos, do PCB, acompanhado de grande número de populares, que se concentram em frente ao Cinema Rio Branco, para iniciar o comício. Presentes estavam políticos de várias tendências, inclusive o vereador Antônio Garcia Filho, do Partido Socialista Brasileiro. 

Prevendo represália policial, o vereador Domingues dirige-se ao povo para convencer a voltar ordeiramente para as suas residências, pois a presença de todos já tinha demonstrado a repulsa do povo ao regime do arbítrio e a sua resistência a Ditadura. O comício não foi, entretanto, realizado porque os promotores do Partido Comunista, diante das provocações policiais, revolveram adiá-lo, a fim de impedir o banho de sangue comandado pelo governador Rolemberg Leite e seu secretário João de Araújo Monteiro. Porque as ordens transmitidas pelo Chefe do Executivo sergipano ao Chefe de polícia eram para impedir a realização do comício a qualquer preço. “A ordem era de prender, espancar, espingardear o povo para fazer, correr o sangue dos democratas da terra de Fausto Cardoso”.[4]

As tropas tomaram os pontos principais do centro da cidade, antes do ataque aos manifestantes: O Corpo de Bombeiros, sob o comando do Cap. João Lima; uma tropa de Infantaria da Polícia Militar, sob o Comando do Cap. Amintas; a Cavalaria, sob o Comando do Cap. Temistocles e a Polícia Civil sob o Comando do Coronel Djenal Tavares Queiroz. Mesmo com a atitude prudente dos organizadores em dispensar os participantes do comício, não impediram que o Chefe de Polícia cumprisse a risca as ordens recebidas, tinha carta branca para agir contra os trabalhadores. 

Morte 

O operário Anísio Dario se encontrava ao lado de centenas de companheiros trabalhadores, funcionários, estudantes e intelectuais sergipanos, que pretendiam realizar uma demonstração pública de protesto contra a cassação dos mandatos do povo. O comício contra o indecoroso e inconstitucional projeto Ivo d’Aquino, que visava cassar os mandatos dos representantes do povo eleito sob a gloriosa legenda do Partido Comunista do Brasil. 

Segundo testemunha da época, a cena era indescritível, o aparato bélico era assustador. Sob as ordens de Simeão Sobral, que apontava contra o povo uma metralhadora de mão, a multidão se espalhava pelos dois primeiros trechos das Ruas João Pessoa e Laranjeiras. A escuridão era completa, apenas estava acesa a luz da entrada do cinema Rio Branco. “Apesar de tudo notava-se grande massa no centro da cidade, vinda de todos os bairros e ruas, a fim de ouvir a palavra de seus oradores. A polícia dispensava os numerosos grupos de populares, inclusive dizendo que “a coisa está preta” e “hoje vai haver bala”.[5]

A cavalaria avança sobre o povo que corre atônico, caindo, esbarrando-se uns aos outros e impiedosamente continua o massacre, aos gritos de fora fascistas. De repente um tiro: e no chão um homem de cor escura, perdia os seus últimos minutos de vida. “ um policial, depois de ter ferido na testa o dirigente operário Anísio Dario, carpinteiro, aponta-lhe uma mauser e desfere um tiro que o atinge no lado esquerdo do tórax. Anísio morre instantaneamente”.[6] A constatação do óbito foi imediatamente feita pelo médico vereador socialista, Antonio Garcia. “O deputado udenista Jucelino Carvalho e o jornalista dr. Antonio Machado viram o morto no mesmo momento, tendo sido, porém, feita a identificação pelo vereador Carlos Garcia, na Chefatura de Polícia, para onde o Cel. Djenal mandou transportar o cadáver, mais de uma hora após o crime”.[7]

Sepultamento 

O féretro saiu da residência do falecido, às 11 horas, Rua tenente Cleto Campelo no bairro Joaquim Távora (18 do Forte). Apesar da manhã chuvosa, milhares de pessoas compareceram ao Cemitério dos Cambuis, “na face de todos lia-se a indignação e a revolta contra o bárbaro assassinato. Todas as Ruas por onde passou o acompanhamento estavam apinhadas de pessoas e em várias ocasiões partiram dos agrupamentos de populares vivas à democracia e abaixo à ditadura. A certa altura o caixão foi conduzido exclusivamente por moças e senhoras”.[8]

A grande massa popular que compareceu ao sepultamento de Anísio Dario, os discursos que operários, intelectuais, deputados e vereadores pronunciaram junto ao seu túmulo e mais ainda, as palavras da filha mais velha do falecido: “Prometo, meu pai, que serei mais comunista do que antes e que sua morte será vingada, pois temos de derrotar a nação”. 

A chegada do corpo ao cemitério dos Cambuis foi louvada pelo operário Otoniel Santos, que falou de improviso, protestando em nome de seus companheiros, os trabalhadores, contra o assassinato pela polícia de Anísio Dario e tenta convencer o povo a tomar sob sua proteção a viúva e os doze filhos do falecido. À sepultura falaram os líderes sindicais Manoel Francisco de Oliveira e José Ataíde, ambos responsabilizando o governo de José Rolemberg Leite pela morte de Anísio Dario. Em seguido foi a vez do Deputado Armando Domingues “que em nome dos comunistas e do povo protestou contra os crimes praticados na noite de 2 de novembro e exigiu do governo a punição dos criminosos responsáveis”.[9] Por último falou o diretor do Jornal do Povo, vereador Carlos Garcia, “em nome dos que trabalham naquele órgão democrático de nossa imprensa e do qual era Anísio Dario um dos mais destacados ajudistas na qualidade de presidente da Comissão de Ajuda do Bairro Joaquim Távora”.[10]

Romaria 

Duas semanas após o sepultamento de Anísio Dario, uma Comissão do Sindicato, composta pelos operários Leonidio José dos Santos, Edivaldo Souza, Otávio José dos Santos, aprovam a realização de uma grande romaria ao túmulo do colega assassinado pela ditadura, para domingo, dia 21 e divulgaram em toda a imprensa: “Comunicou-nos a referida Comissão que o Sindicato da Construção Civil se encontrará de portas abertas, no próximo domingo, dia 21, para todos aqueles que quiserem se associar a esta justa homenagem ao querido líder operário, e uma das figuras de maior destaque e prestigio não somente no seio dos trabalhadores da Construção Civil como de todo o proletariado de Sergipe”.[11]

Na semana da romaria, todos já havia sidos alertados pela força repressora da sua proibição. Na véspera, ou seja, no sábado o presidente do sindicato, Aristides foi avisado para não abri a sede da entidade, inclusive pelo Delegado do Trabalho. A partir das 13 horas começa a chegar os trabalhadores a Rua Nobre de Lacerda, onde ficava a Sede. Os trabalhadores se aglutinam com outros companheiros, para em seguida marcharem à última morada de Anísio Dario. Nas adjacências, incluindo a Praça do Cemitério, a cavalaria encontrava-se em prontidão, dispersando os transeuntes que pretendiam se dirigir a sede do Sindicato. Havia inclusive um carro da polícia enfrente ao cemitério. 

Graças à resistência popular, pode os trabalhadores contra a vontade de seus algozes prestarem ao companheiro Anísio Dario as merecidas homenagens. Exatamente às 16,30 horas a multidão concentrou em torno do túmulo de Anísio Dario. O ambiente era de profunda emoção e muitos tinham os olhos raros d’água: “Ouvem-se primeiramente as palavras do operário Lourival Santos que em nome da Comissão Protetora, e de todos os trabalhadores em construção civil depositou um ramalhete de flores no túmulo e indicou aos operários o exemplo de Anísio, operário consciente na vida e herói na morte, lutando até o fim pela classe operária e em defesa da Constituição”.[12] Em nome da Comissão de Ajuda ao Jornal do Povo pronunciou vibrante discurso o jornalista Aluysio Sampaio, “que mostra qual o papel do povo nessa hora grave para a democracia”.[13]

A aglomeração em frente ao Cemitério dos Cambuis chamou à atenção de um jornalista carioca, que ora visitava a capital sergipana e percebeu a importância para registrar o acontecimento e tirou algumas fotos. Foi bastante para que o policial Simeão avançasse sobre o jovem, apreendendo a máquina fotográfica. 

Vozes operárias [14]

A melhor maneira de prestar as nossas homenagens a Anísio Dario, velho lutador sindical, fundador e construtor da nossa sede social e um elemento de destaque nas lutas pelas reivindicações da classe, é levando flores a sua sepultura. Convido, por intermédio deste jornal todos os operários sindicalizados e o povo em geral, amigos de Anísio Dario, todos os democratas, para se solidarizarem com a nossa admissão, nesta grande homenagem. 

Leonidio José dos Santos 

*** 

Iremos ao túmulo de Anísio, domingo, levar flores para o companheiro sindical. Só assim pagaremos os grandes esforços a Anísio Dario e nossos companheiros na fundação do nosso Sindicato em 1935, e um dos mais destacados construtores da sede. Não se trata de romaria partidária, mas de um preito de gratidão. 

João Teófilo Chagas 

*** 
Anísio Dario, meu companheiro de lutas sindicais, no Sindicato as suas sugestões eram sempre acolhidas pela massa. Sentinela avançada na manutenção das famílias, dos sócios. O sindicato da Construção Civil abrirá suas portas domingo para os trabalhadores de todas as classes e o povo que levarão a sua palavra de sentimento democrático e gratidão ao túmulo do estimado Anísio, vítima na chacina de 29 de novembro. 

Otávio José dos Santos 

*** 

Na qualidade de carpinteiro, companheiro de trabalho de Anísio Dario, tenho a honra de convidar a todos os carpinteiros, pedreiros e armadores para a realização da romaria ao túmulo do inesquecível companheiro de lutas sindicais. Creio por certo que esta comissão receberá o apoio de todos os trabalhadores. 

Edivaldo Santos 

*** 

Homenagens 

“Era um operário humilde, estimado de seus camaradas comunistas e dos trabalhadores aracajuanos. Vivo, Anísio Dario Lima Andrade era apenas um homem, como milhares de outros companheiros seus neste país: – honesto pai de família, trabalhador escrupuloso, firme militante comunista, consciente dos interesses de sua classe. Hoje seu nome é um símbolo. Símbolo de resistência ativa das massas populares ao terrorismo que se quer reimplantar entre nós, símbolo da firmeza com que nosso povo, tenso à frente a classe operária e a sua vanguarda política, à qual ele pertencia desde 1935 – e com que justo orgulho! – enfrenta as investidas do imperialismo ianque e de seus “paus mandados” nacionais contra as liberdades democráticas, o progresso e libertação de nossa terra”.[15]

Em agosto de 1962, um Projeto de Lei de autoria do Vereador Agonalto Pacheco (PCB), denominado Anísio Dario, uma Rua desta Capital, foi rejeitado. Em abril de 2008, a Prefeitura de Aracaju, homenageia o operário com seu nome no Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CERET), situado a Rua Luiz Carlos Prestes, 99 no bairro Areias. Em 30 de maio do mesmo ano, o filho caçula de Anísio Dario, o metalúrgico aposentado, Zacarias Lima Andrade, na época com sessenta e cinco anos, recebeu em nome do seu pai, Anísio Dario Lima Andrade (Post Morten) a Medalha da Ordem do Mérito Serigy, conferida pelo Prefeito Edvaldo Nogueira. Estive presente nesta solenidade realizada no Auditório do Tribunal de Justiça do Estado, quando recebi das mãos do Prefeito a Medalha da Ordem do Mérito Cultural – Inácio Joaquim Barbosa. Em Aracaju foi inaugura a Av. Anísio Dario, no bairro 18 do Forte, cujo nome foi proposto pela então vereadora Tânia Soares (PCB). Após a morte do operário Anísio Dario, temerosos de represália toda a família transferiu-se para o Rio de Janeiro. 


[1] História de Sergipe – República (1889-2000), Ibaré Dantas. Rio de Janeiro, Edições Tempo Brasileiro, 2004. 
[2] Noticiário do Governo – Secretaria da Justiça e Interior. Diário Oficial do Estado, 02 de dezembro, 1947. 
[3] Idem. 
[4] O Sangue do Povo, João Batista de Lima e Silva. Aracaju, Jornal do Povo, 31 de dezembro, 1947. 
[5] A Chacina da Rua João Pessoa. Jornal do Povo, Aracaju, 03 de dezembro, 1947. 
[6] A Chacina da Rua João Pessoa. Jornal do Povo, Aracaju, 03 de dezembro, 1947. 
[7] Idem. 
[8] Preito de homenagem da classe operária a um seu digno filho. Aracaju, Jornal do Povo, 03 de dezembro, 1947. 
[9] Preito de homenagem de classe operária a um seu digno filho. Aracaju, Jornal do Povo, 3 de dezembro, 1947. 
[10] Idem. 
[11] Romaria ao túmulo de Anísio Dario. Aracaju, Jornal do Povo, 19 de dezembro, 1947. 
[12] A Polícia da dupla Monteirinho-Djenal. Jornal do Povo, Aracaju, 2 de dezembro, 1947. 
[13] Idem. 
[14] Jornal do Povo (Depoimentos). Aracaju, 19 de dezembro, 1947. 
[15] O Sangue do Povo, João Batista de Lima e Silva. Aracaju, Jornal do Povo, 31 de dezembro, 1947.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Jordão de Oliveira, poeta-pintor

Jordão Eduardo de Oliveira Nunes, nasceu a 13 de outubro de 1900, em Aracaju, filho de Domingues Nunes e Júlia Oliveira Nunes, casou-se por duas vezes, primeiramente com Laura e depois com Dulce, tendo desses relacionamentos três filhos: Laura, Virgínia e Jordão. Por ter perdido os país nos primeiros anos da infância fora criado juntamente com a única irmã pela tia Emília de Oliveira. Jordão iniciou seus estudos sobre arte sob a influência do mestre Quintino Marques (18??-1942), catedrático no colégio Atheneu Sergipense, da cadeira de desenho nas primeiras décadas do século XX. Desde os quinze anos já produzia retratos por encomendas: 

“Vontade continuada, espírito lúcido, desde a puerícia vem revelando natural pensador para as artes. Na idade em que todos brincam inconsideradamente, ele já procurava idealizar a realidade: não raro o haviam de encontrar contemplando, aparentemente distraído, uma cousa qualquer, uma paisagem... Quando não, vê-lo-iam, carvão em punho, tentando realizar o ideal. As calçadas de residência, os muros vizinhos transformavam-se, então, em telas de sua febre visionária...”[1]

Em 1917 trabalhou no Recife como ferroviário, na empresa Tramway e no ano seguinte contratado como marítimo da Costeira. Em 1921 mudou-se para o Rio de Janeiro, matriculando-se na Escola Nacional de Belas Artes, tendo como professores João Batista da Cunha, Lucílio de Albuquerque e Rodolfo Chambeland. A ENBA, hoje instituição oficial da Universidade Federal do Rio de Janeiro, cujas primeiras atividades datam de 1816, quando se estabeleceu o ensino oficial das artes plásticas no Brasil, como resultado da chegada da Missão Artística Francesa. 

No início do ano de 1922, Jordão publica o artigo “Horácio Hora” questionando a cópia da Virgem da Conceição, do artista barroco Barolomé Esteban Murilo, oferecido pelo copista à igreja Matriz de Aracaju. Sobre a tela de Horácio Hora, óleo sobre tela (1878) Jordão tece alguns comentários, no que diz respeito ao local da instalação da pintura: 

“Obra de grande valor artístico-histórico, dado vigor de técnica de que se apossara o pintor conterrâneo, cremos seja igual ao original. Quanto isto ignoremos, não podemos deixar de admirar a correção do desenho, o modelado e a perspectiva área daquelas figuras. 

Só os desenhos de Horácio Hora bastariam para atestar o seu incontestável merecimento. Infelizmente, porém esses mesmos que ainda restam estão ameaçados de destruição. A que parecia mais protegida, esta, talvez por um excesso de zelo, não está bem colocada. Tratamos da “Virgem”, de Murillo. Vimo-la no teto da então Catedral dessa cidade. Devemos dizer que a tela é muito pequena para um teto daquele tamanho. Fica desarmônico. Para que houvesse harmonia fora preciso que toda a decoração tivesse como centro a tela, isto é, partisse daí até a barra inferior das paredes laterais, como uma encíclica da cor. Mesmo assim não agradaria, porque a pintura central sobre não ter a perspectiva própria de “plafonnier” é rembrontesca. Obrigaria a uma decoração toda escura, toda fúnebre, incompatível com as toalhas de linho dos altares e a simplicidade encantadora de Jesus.”[2]

Sobre sua exposição na Biblioteca Pública, o jornalista do Diário da Manhã comentou suas impressões sobre a abertura da exposição de pintura de Jordão de Oliveira, como um motivo de encantamento espiritual: 

“Reservando-nos para mais de espaço lhe fixar a diretriz emocional, com uma impressão detalhada e sincera dos novos trabalhos de Jordão de Oliveira – neste minuto em que expõe os lindos frutos pacientes do seu ardente labor, limitamo-nos a dizer-lhe cordialmente, como um bom presságio: 

- Salve, doce companheiro, pela tua coragem indômita. A fé move os teus passos para o futuro. Seja para diante menos ensoalhada e pedregosa atua estrada. Ao fim encontrarás um banco de pedra, à sombra com a música de um próximo regato. Não longe, no bosque, à moda grega, ninfas dançarão. E adormecerás contente.”[3]

O Diário Oficial do Estado registrou todos os passos do conterrâneo Jordão de Oliveira, durante sua estada em Aracaju: 

“Esteve ontem, no Palácio, o jovem pintor sergipano Sr. Jordão de Oliveira, que ali foi convidar o Sr. Presidente do Estado para assistir à inauguração da sua exposição, que se realiza hoje, às 3 horas da tarde, na Biblioteca Pública.”[4] Dois dias depois registrou comparecimento do Presidente à exposição: 

“O Dr. Graccho Cardoso, em companhia de sua exma. senhora esteve domingo à tarde, na Biblioteca Pública, em visita à exposição de pintura do jovem e promissor artista sergipano Sr. Jordão de Oliveira. 

O Presidente do estado, que teve excelente impressão das qualidades do novel pintor patrício, o qual dia a dia desenvolve as suas superiores aptidões, felicitou-o vivamente pelo êxito que os seus trabalhos alcançaram.”[5]

O repórter do Correio de Aracaju analisando o talento do jovem pintor, por ocasião da sua exposição na Biblioteca Pública do Estado, publica em sua edição do dia seguinte um artigo não assinado endossando a crítica especializada: 

“Faz algum tempo dissemos, nesta mesma página, que os mestres de Jordão se não envergonhariam de assinar as telas do jovem pintor sergipano, cuja modéstia, aliada a uma altivez admirável, não permitiram ainda estardalhaço em torno de sua personalidade, inconfundivelmente artística.”[6] O Sergipe-Jornal também se fez presente no grande acontecimento: 

“A exposição de quadros que ele acaba de fazer num dos salões da Biblioteca Pública de nossa capital, devidamente examinada e admirada, é de sobejo uma prova eloqüente de que esse jovem sergipano já não é, na arte que abraçou uma simples revelação, porém uma exata realidade, que o futuro mais afirmará e mais radiará de admirável brilho. 

Ali encontrará o crítico mais rigorista, a arte da pintura admiravelmente cuidada em algumas das suas modalidades. E é de ver, assim, que mais belezas do mister a que se dedica, será o jovem sergipano, um dia não longe, uma das belas figuras representativas do talento em nosso terrão amigo.”[7]

Mais uma vez o Diário da Manhã dá destaque a Exposição de Jordão de Oliveira, através de um longo texto assinado por Agathon, onde além de abordar o valor e a importância da exposição para Sergipe, sugere ao Estado a compra para a coleção da Biblioteca Pública de pelo menos duas telas a óleo. 

“Antes que plástico, é Jordão um pincel altamente preocupado de motivos interiores, uma consciência que quer intimidar-se com as almas e trazê-las sempre à tona, numa revelação constante de sentimentos. O olhar que possui sobre qualquer daquelas sanguíneas principalmente sobre aquele magoado retrato de moça ou aquela cabeça de rapaz devorada por perturbantes cogitações íntimas, recolhe-se tocado dum estranho sentir, vindo não da forma, do traço, da modelagem ou da atitude, mas da expressão anímica que se espalha por elas, fluida, animada, sensível, como que se insinuando no nosso coração pela compreensão de que ali vive um ser nosso irmão pelo sofrimento e pelo amor.”[8]

O Diário Oficial do Estado, registra mais uma vez, três notas sobre a visita de Jordão de Oliveira ao Palácio Olímpio Campos, para agradecer pessoalmente ao Presidente Graccho Cardoso pela presença na abertura da exposição e doação do quadro Cabeça de Operário. 

“Havendo marcado há dias a sua brilhante exposição de pintura, esteve ontem, no Palácio do Governo, o Sr. Jordão de Oliveira, que ali foi em visita de agradecimento ao Dr. Graccho Cardoso, por lhe haver dado a honra de inaugurar aquele certame, bem, como para oferecer pessoalmente a S. Ex. o seu trabalho Cabeça de operário, que é uma das mais fortes e melhores produções do jovem artista sergipano.”[9]

Na edição de 28 de junho do mesmo periódico diz: 

“O Sr. Presidente do Estado resolveu ontem adquirir, para figurar na coleção de pinturas existente na Biblioteca Pública, o belo trabalho a óleo “Adormecida”, do jovem pintor sergipano Sr. Jordão de Oliveira, o qual figurou aqui na sua última exposição de arte.”[10]

Finalmente nesta mesma edição, informa sobre sua partida para o Rio de Janeiro: 

“O jovem pintor sergipano Jordão de Oliveira esteve ontem no Palácio do Governo, aonde foi despedir-se do Sr. Presidente do estado,por seguir hoje para o Rio, onde vai prosseguir os seus estudos.”[11]

Impossibilitado de comparecer as redações de todos os jornais da capital, Jordão de Oliveira deixa uma nota de despedida publicada no Diário da Manha: 

“Seguindo hoje, no Itaperuna para a Capital Federal, e não podendo despedir-me pessoalmente de todos os amigos, o faço por este meio, oferecendo os meus préstimos ali, onde provisoriamente vou fixar residência. 

Aj, 28 – 6 

Jordão de Oliveira”.[12]

Em outubro de 1924 Jordão de Oliveira se encontrava no Rio de Janeiro, e da capital federal envia o artigo Exposição Geral de Belas Artes, onde relata os acontecimentos do Salão de Belas Artes, tecendo comentário sobre as obras de alguns artistas participantes da XXXI Exposição Geral, como: Baptista da Costa, Eliseu Visconti, Oswaldo Teixeira, Cândido Portinare, Garcia Bento, Vicente Leite e João Pharion: 

“Entre os hors concurs salientam-se Gutmann Bicho e Marques Junior. Este enviou duas telas de grandes proporções. Serenidade (painel decorativo) é uma paisagem esmeraldina, de um lago adormecido, todo coalhado de nenúfares, onde algumas virgens se isolam despercebidas. Como ar livre não tem retração nenhuma. Parece mais um interior. 

Gutmann Bicho, o homem dos retratos duros, tratados a preto e terra de Sienne voltou da Europa pontilhista a Hemi Martin. Expõe um retrato que se ele não fosse membro do júri bem mereceria a medalha de ouro. A sua pintura é boa e das melhores, atualmente. 

As mais estão mal representadas. ”[13]

Devido à impossibilidade, por circunstâncias materiais de continuar o curso que vinha fazendo na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, o Presidente da Província Graccho Cardoso, através de decreto, concedeu-lhe uma pensão mensal de duzentos mil réis, a fim de que ele pudesse prosseguir o curso: 

“DECRETO Nº 881 – de 25 de junho de 1924 

Concede a pensão de 200$000 mensais ao pintor sergipano Jordão de Oliveira, para prosseguir nos seus estudos na Escola Nacional de Bellas Artes. 

O Presidente do Estado, considerando que cabe à ação educativa do Governo fomentar não só a instrução geral, mas também elevar, por outros meios que escapam à escola puramente intelectual, o nível moral e estético do povo: 

Considerando que inexistem estabelecimentos ou institutos locais especializados quanto ao ensino da pintura, da escultura, enfim do desenho aplicado, fator indispensável ao aperfeiçoamento do trabalho e ao desenvolvimento econômico das nações: 

Considerando que importa em serviço capital aquele que o Estado presta animando as aptidões naturais e contribuindo para que certas naturezas privilegiadas possam melhor devassar os horizontes infinitos da arte; 

Considerando, em particular, a vocação e o valor das tentativas demonstrados, no ramo da pintura, em mais de uma exposição, pelo jovem sergipano Jordão de Oliveira, impossibilitado, por circunstâncias materiais, de continuar o curso que tão promissoramente vinha fazendo na Escola Nacional de Belas Artes; 

Considerando que nenhum texto fundamental o proíbe, revogado, pela vigente reforma constitucional, o que tirava a Sergipe a faculdade de poder cooperar para o desenvolvimento das suas letras e artes, e, por conseguinte, da sua própria civilização e cultura. 

DECRETA 

Art. 1º É concedida a Jordão de Oliveira, afim de que possa prosseguir nos seus estudos de pintura na Escola Nacional de Bellas Artes, a pensa mensal de duzentos mil réis. 

Art. 2º Esse auxílio só se tornará efetivo mediante prova de achar-se o mesmo matriculado na referida Escola e de que a freqüenta com proveito notável, devendo nesse sentido ser presente ao Governo um atestado ou relatório do diretor da mencionada Escola. 

Art.3º Este decreto fica dependendo de aprovação da Assembléia Legislativa. 

Palácio do Governo do Estado de Sergipe, Aracaju, 25 de junho de 1924, 36º da República. 

Maurício Graccho Cardoso 

Carlos Alberto Rolla 

Em 1933 Jordão de Oliveira conquistou pela segunda vez o prêmio de viagem a Europa na Escola de Belas Artes. Descendente de família pobre, muito cedo se revelou uma esperança de Sergipe-artístico, mas para sua ascensão gloriosa era necessário apoio financeiro que o levasse a outras terras, especificamente a capital federal, núcleo da intelectualidade nacional, coisa difícil até hoje nesta terra. O amigo Thales Vieira da Silva, diz que Jordão lutou muito para o reconhecimento público: 

“Mas, nunca lhe faltou coragem, moral para suportar asperezas do nosso meio. O livro era como é ainda hoje o seu amigo leal e dedicado, onde ele depositava e deposita as suas nobres aspirações. As suas telas feitas sem os instrumentos modernos, porque lhe faltava dinheiro para adquiri-las, não obstante todos esses empecilhos encantavam a gente pelo valor da paisagem e harmonia das cores. Graças a Deus um homem veio ao encontro de Jordão, para arrancá-lo daqui e colocá-lo no Rio de Janeiro, auxiliando-o nos seus largos remígios. Foi Pereira Lobo, então Presidente do Estado, que fez esse inesquecível benefício a Sergipe.”[14]

A estada de Jordão de Oliveira em Aracaju foi registrada na Gazeta Socialista, fundada pelo jornalista e político Orlando Dantas em sua edição do dia 9 de janeiro de 1957, onde o autor da matéria nomeia algumas figuras do folclore aracajuano conhecidas por Jordão de Oliveira no tempo em que residia em Aracaju, da fase de boemia sentimental de sua mocidade: 

“Hoje, tantos anos lá no fundo dos velhos corações, mas ficaram as grandes telas trabalhadas pelo calor da vida, pelo variado das cores, o vigor das formas e a harmonia dos contrários que Jordão Oliveira transpôs para os seus quadros, com a inteligência a sensibilidade e a beleza que Deus lhe deu.” [15]

Desde dezembro de 1956 que Jordão de Oliveira encontrava-se em Aracaju para descansar e rever amigos, após longos anos de ausência. Durante todo esse período ficou hospedado na residência de Manuel Donizetti Vieira, diretor da Rádio Difusora de Sergipe. Aproveitando a oportunidade, Jordão reuniu um grupo de amigos e admiradores para uma palestra, produzida pelo Movimento Cultural de Sergipe onde leu alguns capítulos do livro de memória, reunião esta não divulgada na impressa, apesar de vários jornalistas locais estarem presentes, dos poetas Santo Souza, Eunaldo Costa, Clarêncio Fontes, Álvares da Rocha, José Maria Fontes 

E dos pintores, Inácio de Oliveira e Florival Santos. Encerrando a comunicação, Jordão de Oliveira prometeu aos presentes realizar em breve no município de Aracaju, uma exposição retrospectiva de seus quadros.[16]

O poeta José Maria, registrou este grande encontro de intelectuais sergipanos, através das páginas do Diário de Sergipe: 

“Entre as pessoas que este festivo fim de ano trouxe a Sergipe, para rever amigos e à boa terra conta-se o eminente pintor e intelectual brasileiro Jordão de Oliveira, artista laureado e coração boníssimo, há tantos anos ausente do rincão natal. 

Pela singularidade do seu talento e temperamento, fidelidade a uma inata pureza de princípios, desprendimento pessoal e, sobretudo, essa sua simplicidade afetiva, cordial, a figura de grande Jordão, onde quer que se ambiente, firma-o na estima e na amizade de todos.”[17]

Painéis no Palácio 

Encomendado pelo governo sergipano, Jordão de Oliveira prepara dois painéis para o hall de entrada do Palácio Olímpio Campos. Segundo o artista plástico Leonardo Alencar que realizava sua primeira exposição no Rio de Janeiro, em 1961 na Escola Nacional de Belas Artes, viu em seu ateliê Jordão preparando um desses painéis. O Diário Oficial do Estado registra a chegada de Jordão em 3 de julho de 1962, vindo especialmente para afixar os painéis : 

“Por via aérea chegou a esta capital o nosso ilustre coestaduano Prof. Jordão de Oliveira, a fim de afixar os painéis, que lhe foram encomendados pelo senhor Governador Luiz Garcia, no hall do Palácio Olimpio Campos. 

Ao seu desembarque, no Aeroporto Santa Maia, compareceu o chefe do Executivo, na pessoa do Bel. Junot Silveira, Secretário do Governador.”[18]

Em junho de 1962 Jordão encontra-se em Aracaju participando da inauguração do Hotel Pálace e do Festival Sergipano de Escritores, com presença marcante de intelectuais baianos e sergipanos que residiam em outros estados: Jenner Augusto, Joel Silveira, Nelson de Araujo, Vasconcelos Maia este último na qualidade de Diretor do Conselho de Turismo de Salvador, representando o Prefeito Heitor Dias, “acentuou que a sua cidade se unia à Aracaju, possuído da mesma alegria e que ele não poderia deixar de assistir tão expressiva e histórica solenidade de tamanha influência na vida sergipana.”[19]

Estiveram participando do festival a convite do Governo sergipano, vários intelectuais do país como, Oscar Tosta (Diário de Pernambuco), Paulo Silveira (Última Hora), Eneida (Diário de Notícia), Moacyr Werneck de Castro (escritor), Renato Jobim (Diário Carioca); Dr. Estácio de Lima (Professor da UFBA); Waldemar Matos (professor); Ranulfo Oliveira Presidente da Associação Baiana de Imprensa e Diretor do jornal A Tarde. Carlos Cony (Correio da Manhã), José Calasans (Diretor do Deptº Regional do SENAC-SESC), entre outros. Durante o final do Governo de Luiz Garcia (1959-1962) ocorreram vários eventos importantes na sua administração que contribuíram para divulgar o Estado de Sergipe, alguns como O Festival Sergipano de Escritores, e as Inaugurações do Hotel Palace de Aracaju, da Galeria dos Governadores de Sergipe e dos painéis pintados por Jordão de Oliveira. 

Em 6 de julho , às 20 horas, nas dependências do pavimento térreo do Palácio Olímpio Campos, o Governador Luiz Garcia e o vice-governador Dionísio de Araújo Machado, acompanhado de várias autoridades civis, religiosas e militares, inauguraram a Galeria dos Governadores de Sergipe numa expressiva homenagem aos seus ilustres antecessores: 

“O Senhor Governador destacou a atuação dos seus antecessores, a capacidade de trabalhar e a inteligência de que eram portadores, focalizando o último deles, ex-governador Leandro Maciel, que iniciou em Sergipe, um processo novo de administração verdadeira revolução pelo trabalho, possibilitando, cestaros a atual administração as realizações que já são do conhecimento público.”[20]

Sobre os painéis do Palácio Olimpio Campos, o pintor, caricaturista e crítico de arte em atividade no Rio de Janeiro, Quirino Campofiorito (1902) professor do Núcleo Bernardelli (primeiro agrupamento de artistas de orientação não acadêmica a se formar no Brasil), filho do pintor e arquiteto brasileiro Pedro Campofiorito (1879-1945), projetou vários edifícios públicos e foi um dos organizadores e diretor do Museu Antonio Parreiras, em Niterói. Quirino em apresentação do Catálogo da Exposição Retrospectiva da obra de Jordão de Oliveira, promovida pelo Centro Sergipano da cidade do Rio de Janeiro, de 1º a 15 de setembro de 1965, onde foram expostas 114 telas, pintadas no período de 1921 a 1964. Vejamos um trecho específico sobre os painéis: 

“Recentemente, realizando pinturas murais de grandes dimensões, para decorar o Palácio do Governo de Sergipe, desenvolveu Jordão temas de ousada movimentação de figuras, paisagem e acessórios, sobre a história econômica daquele Estado. Tarefa cheia de dificuldades, dados os atropelos que sofre, entre nós, um pintor para realizar trabalhos de excessivas proporções, o nosso artista, entretanto, se desincumbiu galhardamente, acrescentando, assim, à sua obra, mais um aspecto que vem colaborar na afirmativa de que ele tem sabido ampliar as suas possibilidades.”[21]

Exposição em Aracaju 

No início de abril de 1978, Jordão de Oliveira chaga à Aracaju para participar da abertura de sua exposição, entre o período de 7 a 16, na Galeria Horácio Hora de Artes, Móveis e Decorações, situada à Rua Riachuelo, 757. Na oportunidade o “Presidente do Conselho Estadual de Cultura, Antonio Garcia, falou em nome do Governador do Estado, ressaltando a figura do artista Jordão de Oliveira e do valor de suas obras, conhecidas internacionalmente. 

Entre os quadros expostos, destacam-se os retratos, principalmente o auto-retrato, sendo que os comentários do grande público presente se voltaram com maior evidência para o retrato da sogra de Jordão de Oliveira, que pela expressão facial lembra a célebre Monalisa de Leonardo da Vince.” [22] Na tarde do dia 06, acompanhado do Secretário Everaldo Aragão Prado, da Educação e Cultura, Jordão de Oliveira visitou o Governador José Rollemberg Leite, no Palácio Olimpio Campos. Faziam parte da Comitiva Antonio Garcia Filho, Presidente do Conselho Estadual de Cultura e dos jornalistas Luiz Antonio Barreto, assessor Cultural e Luiz Adelmo, Diretor da Galeria Horácio Hora. 

O Governador José Rollemberg Leite, na oportunidade, afirmou que: 

“Sergipe sentia-se orgulhoso com a obra de Jordão de Oliveira, não só pelo esforço de notáveis trabalhos que atestam a inteligência e o espírito artístico de um filho que sempre soubera honrar a sua terra além fronteiras.”[23]

A exposição de Horácio Hora em Aracaju (uma das raras exposições que realizou ao longo de sua vida) foi composta de 28 quadros a óleo e a sua trajetória artística foi definida, desta forma pelo escritor Jorge Amado: 

“Sua exposição e sua presença após tantos anos de árduo trabalho em distantes paisagens, é um acontecimento impar na vida cultural de Sergipe, pátria de muitos e poderosos talentos, de grandes figuras do panorama artístico e literário do Brasil. Algumas exponenciais. Entre essas avulta, pela grandeza e consciência de sua obra, a de mestre Jordão de Oliveira, agora em meio à sua gente, de volta a seu princípio, com as telas, a poesia e o humanismo.”[24]

No dia 10, Jordão de Oliveira visita o Conselho Estadual de Cultura, sendo recebido pelos conselheiros, em sessão presidida pelo médico Antonio Garcia Filho, foi saudado pelo conselheiro Severino Uchoa, tendo discursado também o Dr. Manoel Cabral Machado, presidente da Academia Sergipana de Letras. Estiveram presentes também familiares de Jordão de Oliveira, que após a saudação, falou recordando sua ligação com Sergipe e sobre a sua vida artística, dedicada à arte sem comercialização. 

Livros 

Jordão de Oliveira publicou três livros: Caminhos Perdidos (memórias), Rio de Janeiro, Gráfica Ouvidor, 1975; A cor das coisas (poemas), Rio de Janeiro, Gráfica Olímpia, 1976 e Delta (poemas), Rio de janeiro, Zagorá, (póstumo), 1980. Comentando seu livro de estréia, o romancista baiano Jorge Amado, em carta enviada ao poeta-pintor diz o seguinte: 

“Li seu livro emocionando-me sucessivas vezes. Você bem sabe como sou ligado a Sergipe e a sua gente. Revi em suas páginas a paisagem e o povo, viajei novamente no Ita de minha adolescência. Afinal Anselmo José, por mais você tente fazê-lo independente, é o próprio Jordão de Oliveira, mestre da pintura. 

Tudo é bonito em seu livro, como em sua pintura. Há páginas que são obras-primas como a Carta de Tamãe no capítulo 44. Que livro mais bonito seu Jordão! Não importa o rótulo, de memória ou romance é a presença de um homem de verdadeira grandeza. ”[25]

O escritor João Felício dos Santos, responsável pela apresentação do livro, diz que: 

“Caminhos Perdidos mostra-nos manchinhas de todos os matizes, mas sempre em doces meios-tons, ainda quando Jordão fala em prosaicas revoluções. 

Com a mesma naturalidade que nos conta de Laura, seu primeiro amor, diz-nos de seu primeiro contato com tintas e pincéis, como pintor improvisado de bondes, na velha Tramway do Recife ou como segundo taifeiro de um pequeno ITA, ao percorrer toda costa do Brasil.”[26]

Inteligente e discreto, Jordão de Oliveira conviveu em sua juventude entre muitos intelectuais da época; Carlos Fontes, Passos Cabral, Abelardo Romero, Heribaldo Vieira e outros freqüentadores dos salões nobres da capital aracajuana. Aos domingos estes salões se enchiam de jovens elegantes para ouvir a mocidade discutir sobre literatura, poesia, arte, política e filosofia. Desde jovem o menino humilde e pobre era aprontado como o grande despertar da vida cultura de Sergipe, por isso galgou posição de destaque no cenário cultural local e não demorou muito para que conseguisse matricular-se na Escola Nacional de Belas Artes, do Rio de Janeiro. 

Suas obras se espalham por diversas galerias particulares e, dentre outras instituições, no Museu Nacional de Belas Artes; na Sociedade Brasileira de Belas Artes; no Palácio do Catete; no Palácio do Rio Negro e no Museu Imperial, em Petrópolis; no Palácio do Ingá e no Museu Antonio Parreiras, em Niterói; nos Ministérios da Aeronáutica e da Agricultura; na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro; na Ordem Terceira da Candelária; nas Faculdades de Medicina e Odontologia da Universidade do Brasil; na Pinacoteca do Estado de São Paulo; na Faculdade Nacional de Direito, mas grande parte de suas obras encontra-se na pinacoteca que levou seu nome, no Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, em Aracaju. A pinacoteca Jordão de Oliveira abriga mais de 150 obras de artistas sergipanos e brasileiros, principalmente daqueles que fizeram parte da Academia de Belas Artes do Rio de Janeiro. 

Recentemente, o artista plástico Ismael Pereira, em artigo publicado na imprensa sergipana, indignado pelo desprezo com que os órgãos públicos, tratam os bens culturais do nosso Estado, no caso em questão, o Auto-Retrato de Jordão de Oliveira, pintura a óleo sobre tela, 61 x 51 cm (1970), localizada na Sala do plenário do Conselho Estadual de Cultura – Biblioteca Epífânio Dória – Secult, descreveu o estado deplorável em que se encontra a referida tela: 

“Aproximei-me o máximo da obra, estacionei o meu olhar em sua direção e facilmente pude perceber os estragos – manchas comprometedoras, muita poeira e na base inferior esquerda do chassi, a tela está estufada e se desprendendo de sua estrutura. A moldura pareceu-me entristecida como que a pedir uma nova e mais compatível com a importância da obra de um grande mestre como você, Jordão.”[27]

Crítica sobre a Obra 

Sobre sua produção artista escreveram vários críticos brasileiros, alguns como Walmir Ayala: 

“Seu colorido discreto completa na sua obra o equilíbrio das massas e as sutilezas de luz e sombra. Sem demonstrar preferências por um único gênero, consegue interpretar seus modelos com semelhança e sem amaneiramentos de forma e suas paisagens reproduzem aspectos de horizonte amplo, de perspectiva bem compreendida.” 

(Walmir Ayala, Dicionário Brasileiro de Artistas) 

ou o jornalista Carlos Rubem, do jornal carioca A Noite: 

“A impressão que se colhe dos quadros de Jordão de Oliveira é que se está diante de um pintor que sentiu e interpreta a luz brasileira e atingiu a plenitude de suas qualidades de verismo e interpretação. Se nos retratos ele revela mais do que uma álgida expressão fisionômica, uma alma afirmando-se por outras virtudes, um magistral pintor no gênero, nas paisagens e marinhas ascende a um cimo de sentido luminoso raras vezes atingido por artista nosso. Senhor duma técnica decidida, de uma pintura ampla, larga e sem vacilações vivendo o motivo, Jordão de Oliveira realiza o postulado de Gastaldi espiritualizando a natureza que esse escritor balzaqueano diz que – e não mente – o fim primacial da arte.” 

o jornalista e admirador sergipano Mário Cabral, abalado com a perda do amigo, conseguiu, depois de refeito da emoção pelo desaparecimento do mestre da pintura, publicou um artigo na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe: 

“Foi um dos maiores pintores do seu tempo, conquistando, uma a uma, todas as medalhas e premiações da Escola Nacional de Belas Artes e da qual seria professor emérito. Causou-me um choque a notícia da sua morte. E, à noite, esperei a divulgação do acontecimento, e, do que isso, um registro elogioso à sua pessoa e à sua nobre arte. Mas o Jornal Nacional, televisado às vinte horas, nada disse. Nem uma palavra. Nem uma imagem.”[28]

Morte 

Jordão Eduardo de Oliveira Nunes faleceu às dezoito horas do dia 28 de abril de 1980 no Rio de Janeiro. Seu corpo foi velado no Cemitério do Cocuia, na Ilha do Governador, sendo sepultado na tarde do dia seguinte às 16,30 h. A única notícia sobre sua morte registrada na imprensa sergipana, veio através da coluna de João de Barros, do Jornal da Cidade: 

“Jordão de Oliveira que nasceu em nossa Aracaju e foi criado pelo Sr. Eduardo Moreira, teve um início de vida dos mais humildes chegou até a limpar trilhos de bonde no interior alagoano, mas graças a sua grande inteligência e força de vontade, desenvolveu-se no dia a dia da sua existência, consagrando-se um dos melhores artistas plásticos do nosso país. Membro do Centro Sergipano no Rio de Janeiro (onde sempre fez questão de divulgar os valores da nossa terra) e aonde chegou a merecer a comenda máxima de “Cidadão Carioca”. Escreveu livros de poemas e histórias, onde em um deles, encontramos esta beleza de dedicatória: “Marcelo, meu filho, esta dedicatória não é uma errata é outro poema”. Jordão de Oliveira pertenceu ao círculo intelectual de Garcia Rosa e a geração de Cleomenes Campos, Amando Fontes, Barreto Filho, Passos Cabral, Abelardo Romero, Silva Ribeiro, Freire Ribeiro, Milton de Assis e muito outros.”[29]

Apesar de ter sido noticiado na imprensa que a Subsecretaria de Cultura juntamente com o Conselho Estadual de Cultura, que iriam programar com outros órgãos culturais, uma homenagem póstuma a Jordão de Oliveira, não temos notícia dessa realização. Exceto uma noção assinada por Antonio Garcia Filho “Homenagem a Jordão”, publicado um ano após sua morte: 

“Mas colocaram-me a túnica da responsabilidade para transmitir, em nome do Governo do Estado, por honrosa indicação do Exmº Sr. Secretário da Educação e Cultura e pelo Conselho que presido, a manifestação de apoio e reconhecimento pela Obra que Jordão vem realizando no País, como artista e como professor, preparando gerações e mais gerações, nas Disciplinas Pintura e Modelo Vivo, na Escola Nacional de Belas Artes, tendo recebido, ao longo da sua carreira artística, desde as Menções Honrosas, Medalhas de Honra e Prêmios de Viagem, às Medalhas de Prata e Ouro. 

Sergipe estava a dever a Jordão de Oliveira esta manifestação de carinho e gratidão.” [30]

***** 
Mestre Jordão - Depoimento 

Leonardo Alencar 

Pelo que conversei com alguns amigos contemporâneos dele, Jordão sempre manteve essa ligação, essa fraternidade com todos que ficaram aqui, tanto que o senhor Donizetti diretor da antiga Rádio Difusora era muito amigo dele e morador da Praça da Bandeira quando ele visitava Aracaju ficava hospedado na residência de Donizete. Jordão era uma pessoa humana formidável, muito fiel as amizades não só pelo caráter dele como também pelo sentido de que as pessoas que professaram, digamos assim, uma vocação mais socialista, se união mais pela própria sobrevivência. Era uma atitude espontânea, “vamos unir para sobrevivermos mais”. 

Uma das coisas que acho mais importante na pintura de Jordão é a atmosfera das suas telas, porque carregou consigo o céu de Sergipe, a pintura dele já era usada no Sul, em Cabo Frio e na Região dos Lagos, está sempre presente o azul do céu de Sergipe. Não porque ele não soubesse retratar outro céu, mas o céu que estava com ele era o céu de Aracaju. Além disso, o fato de que Jordão de Oliveira tinha uma noção muito humanista, tanto que os retratos feitos para a Escola de Belas Artes durante os exercícios das aulas, os modelos masculino ou feminino eram todos naturalistas, tinha esse sentido de não transformar o modelo em herói Grego, que eram o modo das escolas neoclássicas, mas ele se mantinha fiel ao naturalismo. 

Jordão era dentro da Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, inovador, era muito respeitado pelos colegas, e como inovador, alguém que podia incomodar, tanto do ponto de vista da didática, quanto do ponto de vista da posição política. Jordão era também um tipo muito interessante do ponto de vista da sobrevivência, porque ele morava na Ilha do Governador que era um passeio àquela época, da Explanada do Castelo, pegar o ônibus e ir até a Ilha do Governador, aquilo era prazeroso, eu foi diversas vezes com ele, porque ele saia do centro nervoso do Rio de Janeiro, do centro nervoso do capitalismo, para o bucolismo da Ilha do Governador. 

Era um transplante que ele fazia e conseguia sobreviver desta maneira, tanto psicológica quanto materialmente também, como não era cobrado para as elites sociais, ele também não precisava gastar. Jordão era muito inteligente, um exemplo como artista, como figura humana, como cidadão e se sentia muito preso a Sergipe, muito preso aos amigos de infância, muito preso as reminiscências, basta dizer que ele foi de navio para o Rio de Janeiro, aquela idéia do navegante português essa ida de navio. É interessante que se comentava que ele foi como copeiro para complementar a passagem. 

A história de Jordão de Oliveira é a história do migrante, de vitorioso e do recusado, porque à medida que ele vencia no Rio de Janeiro, aqui em Sergipe, desvalorizava e este fato aconteceu com outros artistas plásticos sergipanos: José de Dome, Jenner Augusto e comigo. 

Aracaju, 16 de fevereiro de 2012. 

Notas 

[1] Jordão de Oliveira, R.F. Aracaju, Diário da Manhã, 28 de outubro, 1924. 
[2] Horácio Hora, Jordão de Oliveira. Aracaju, Diário da Manhã, 20 de janeiro, 1922. 
[3] Exposição – Jordão de Oliveira, C. G. Aracaju, Diário da Manhã, 8 de junho, 1924. 
[4] Noticiário. Diário Oficial do Estado. Aracaju, 08 de junho, 1924. 
[5] Noticiário. Diário Oficial do Estado. Aracaju 10 de junho, 1924 
[6] Exposição de Pintura, Correio de Aracaju. Aracaju, 9 de junho, 1924. 
[7] Jordão de Oliveira, Sergipe-Jornal. Aracaju, 9 de junho, 1924. 
[8] Jordão Oliveira, Diário da Manhã. Aracaju, 10 de junho, 1924. 
[9] Noticiário. Diário Oficial do Estado. Aracaju, 21 de junho, 1924. 
[10] Noticiário. Diário Oficial do Estado. Aracaju, 28 de junho, 1924. 
[11] Noticiário. Diário Oficial do Estado. Aracaju, 28 de junho, 1924. 
[12] Seção Livre. Diário da Manhã. Aracaju, 1º de julho, 1924. 
[13] Exposição Geral de Belas Artes, Jordão de Oliveira. Aracaju, Diário da Manhã, 1º de outubro, 1924. 
[14] Jordão Oliveira, Sergipe–Jornal. Aracaju, 02 de setembro, 1933. 
[15] Jordão de Oliveira, Gazeta Socialista. Aracaju, 9 de janeiro, 1957. 
[16] O pintor Jordão de Oliveira lê parte das suas memórias, O Nordeste. Aracaju, 16 de fevereiro, 1957 
[17] Encontra-se em nosso meio este alto valor das Belas Artes. Diário de Sergipe. Aracaju, 21 de janeiro, 1957. 
[18] Noticiário. Diário Oficial do Estado. Aracaju, 3 de julho, 1962. 
[19] Noticiário. Diário Oficial do Estado. Aracaju, 27 de junho, 1962. 
[20] Noticiário. Diário Oficial do Estado. Aracaju, 13 de julho, 1962 
[21] Catálogo da Exposição de 1965, reproduzido Por Marcelo Ribeiro no livro Jordão de Oliveira. Aracaju. Secult, 2006.
[22] Jordão Inaugura Exposição. Gazeta de Sergipe, 08 de abril, 1978. 
[23] Governador recebe visita do artista sergipano. Diário Oficial, 07 de abril, 1978. 
[24] Jordão de Oliveira expõe em Aracaju, Diário Oficial. 10 de abril, 1978. 
[25] Carta a Jordão de Oliveira, Jorge Amado. Bahia 13 de setembro, 1975. 
[26] Caminhos Perdidos, Jordão de Oliveira. (Apresentação). Rio de Janeiro, Gráfica Ouvidor, 1975. 
[27] Jordão de Oliveira, Ismael Pereira. Aracaju, Jornal da Cidade, 10 de fevereiro, 2011. 
[28] Um Mestre da Pintura, Mario Cabral. Aracaju, Revista da Academia Sergipana de Letras, nº 28, 1981. Republicado no livro Jornal da Noite, 1997. 
[29] Morreu Jordão de Oliveira, João de Barros. Aracaju, Jornal da Cidade, 30 de abril, 1980. 
[30] Homenagem a Jordão, Antonio Garcia Filho. Aracaju, Revista da Academia Sergipana de Letras, nº28, 1981. 

GILFRANCISCO: 
Jornalista, professor universitário, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia e Diretor do Departamento de Imprensa da ASI